Archive for dezembro, 2010
O orgulho líquido no âmbito da sociedade
O publicitário Nizan Guanaes, num artigo publicado no Jornal do Comércio e reproduzido pela Agenda 2020, diz que só o lucro liberta, mas complementa, convidando para ao em vez do lucro líquido, busquemos o orgulho líquido. Se, depois do lucro líquido, não sobrar orgulho, não vai sobrar nada para ser contado. E criar orgulho é muito mais difícil do que criar lucro. É um desafio para impulsionar empresas e se conquista com a tão falada responsabilidade social. Responsabilidade social é ter o melhor lucro dentro das melhores práticas. E só empresas lucrativas e responsáveis vão prosperar neste mundo altamente competitivo em que nos encontramos. Isso passa pelo desafio de reter talentos, cada vez mais raros, por problemas especialmente da falta de qualidade na formação. É preciso treinar, engajar em valores e sonhar. Um sonho grande e possível. E se for apenas um sonho por dinheiro, será impossível reter os talentos num mercado tão aquecido e com tantas oportunidades. Um sonho grande se constrói com orgulho líquido, diz Guanaes, e e eu aproveitaria este artigo, para estendê-lo a toda uma sociedade, mais especificamente ao nosso Vale do Paranhana, que há 30 anos atrás nem tinha esta identidade, era um anexo de outros Vales, ou uma encruzilhada, que acaba não sendo nada, ou apenas um meio secundário. Hoje não, apesar de muitas dificuldades e carências existentes, somos do Paranhana, somos o Paranhana e temos um grande sonho, um sonho capaz de orgulhar, o sonho de se tornar uma região de primeiro mundo, conforme é a pregação da Agenda Paranhana 2020. Mas, para isso, muitos avanços ainda serão necessários. Primeiro temos que aprender a pensar coletivamente, a deixar de lado muitas vaidades. Depois, temos que aprender a planejar, antes de sair fazendo, definindo alvos estratégicos e caminhos para serem perseguidos com competência e garra. Se pensarmos que sabemos tudo e o outro é indispensável, estamos atrasados. É preciso, além de boa vontade, muita criatividade. Nas empresas chamamos de inovação. Se ficarmos fazendo o mesmo que os outros, dificilmente venceremos na competição natural que existe e se explica pela teoria da evolução. Guanaes faz duas perguntas que se aplicam às empresas: Isso vai dar dinheiro? Isso vai dar orgulho? No âmbito social eu perguntaria: Isso vai dar qualidade de vida? Isso vai dar orgulho da minha cidade?
Marcos Kayser
Retrospectiva 2011 da Agenda Paranhana 2020
A vida além do jogo
Pois é, o futebol parece a vida, se decide nos detalhes e também pela competência de seus viventes, no caso do futebol, dos seus jogadores. Na semifinal do mundial de clubes da Fifa, o Mazembe teve duas chances e fez dois gols, o Inter teve cinco chances claras de gol e não fez. No jogo de futebol, o que vale é o resultado final, será a vida também desta forma? Ter uma vida de resultados pode não ser a melhor coisa, pois seguir Maquieval, para quem os fins justificam os meios, é perigoso, pode levar até ao crime em nome de um bom resultado. O jogo tem aspectos sim da vida, mas a vida não é só um jogo, mesmo que seja jogada por quase todos. Ainda mais quando o contexto dela é o da competitividade, como nos tempos de hoje. E não é exclusivamente um jogo porque tem ainda a arte que foge ao regramento inerente ao jogo. Se a arte tem algum tipo de regra, não são claras, e, como diz o comentarista de arbitragem, Arnaldo Cesar Coelho, a regra é clara e se não for clara não pode ser regra. O futebol ainda mostra que não adianta ter e ser potência, no sentido da possibilidade. É preciso o ato da realização. Por isso o futebol é tão apaixonante, numa fração de segundo decide o destino de tudo e, no caso do Inter, decide o universal, o mundial. Há uma regra básica no futebol: não levar gol e fazer, ou, se levar, fazer mais do que levou. Qual seria a regra básica da vida? Acho que a vida não tem uma regra básica, mas tem várias. Algumas definitivas e conhecidas, outras nem tão definitivas e outras totalmente desconhecidas. Uma diferença substancial para o jogo é que na vida vivemos e morremos sem poder recomeçar e o jogo de futebol que reproduz aspectos da vida não consegue reproduzir a finitude do real. Que neste Natal celebremos a vida como vida e não como jogo, pois no jogo há sempre vencedor e vencido, já na vida torcemos para que todos sejam vencedores.
Marcos Kayser
Somos por natureza “venenosos”?
Cientistas da Nasa informaram que encontraram num lago da Califórnia uma bactéria diferente do conceito de vida que conhecemos até hoje, pois ela vive a base de arsênico. A bactéria não só “come” arsênico como também incorpora esse elemento tóxico diretamente ao seu DNA, segundo os pesquisadores. O arsênio e seus compostos são extremamente tóxicos. Milhões de pessoas no mundo inteiro adoecem e morrem sem saber que a causa de suas doenças é o envenenamento crônico por arsênio. As doenças que mais matam no mundo podem ser causadas por arsênio: doenças cerebrovasculares, diabetes e câncer, entre outras. A descoberta, ainda em fase inicial, demonstra que um dos mais notórios venenos da Terra pode também ser a matéria-prima para a vida de algumas criaturas, abrindo espaço para novas perspectivas de vida extraterrestre. Segundo os pesquisadores o lago está repleto de vida, mas não de peixes. Ele também contém as bactérias. A vida é principalmente composta dos elementos carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo. Esses seis elementos compõem os ácidos nucleicos e também as proteínas e lipídios. Mas, teoricamente, não há razão pela qual outros elementos não poderiam ser usados. Só que a ciência nunca havia encontrado nenhum ser vivo que os usasse. Saindo da ciência empírica, indo mais para uma filosofia cínica e especulativa, podemos imaginar que pode estar aí uma explicação para uma eventual índole do mal da espécie humana, se contrapondo a teoria altruísta predominante. Então o velho Hobbes, que falou em “homo homini lúpus”, ou seja, o homem é o lobo do homem, tem sua tese reforçada, enquanto enfraquece o velho Rousseau para quem o homem é bom por natureza. Freud já defendia que para conter a pulsão de morte a sociedade seria um mal necessário. Quem sabe o arsênico também não justificaria a pulsão de morte? Assim, a ciência dá um passo importante não só na direção dos irmãos alienígenas, mas também para desmistificar a idéia da nossa natureza exclusivamente bondosa. Se no nosso DNA tem arsênico, podemos ser por natureza venenosos. Veneno que, é bom ressaltar, mata, motivado por auto-defesa ou até mesmo por pura perversão, principalmente quando usado por seres mais “evoluídos” e inteligentes como é o caso dos humanos.
Marcos Kayser